terça-feira, maio 23, 2006

Olivença, Olivença, Badajoz à vista....

Amigo e simpatizante da causa oliventina, como tenho muitas vezes demonstrado, resolvi transcrever a Carta que o Grupo dos Amigos de Olivença entregou ao embaixador de Madrid, acreditado em Lisboa.

Excelentíssimo Senhor
Embaixador do Reino de Espanha

No dia 20 de Maio de 1801, há exactamente 205 anos, os exércitos de Espanha, conluiada com a França napoleónica, invadiram Portugal e ocuparam a vila portuguesa de Olivença.
Manifesta ofensa ao Direito das Gentes, assim foi entendido pelas Potências de então que, no Congresso de Viena de 1815, onde Espanha também teve assento, reconheceram absolutamente a justiça das reclamações de Portugal sobre Olivença.
Por isso ficou consignado no Tratado de Viena, seu Art.º 105.º.
«Les Puissances, reconnaissant la justice des réclamations formées par S.
A. R. le prince régent de Portugal e du Brésil, sur la ville d'Olivenza et les autres territoires cédés à Espagne par le traité de Badajoz de 1801, et envisageant la restitution de ces objets, comme une des mesures propres à assurer entre les deux royaumes de la péninsule, cette bonne harmonie complète et stable dont la conservation dans toutes les parties de l'Europe a été le but constant de leurs arrangements, s'engagent formellement à employer dans les voies de conciliation leurs efforts les plus efficaces, afin que la rétrocession desdits territoires en faveur du Portugal soi effectuée; et les puissances reconnaissent, autant qu'il dépend de chacune d'elles, que cet arrangement doit avoir lieu au plus tôt».
Como melhor saberá Vossa Excelência, em 7 de Maio de 1817, há 189 anos, Espanha assinou o Tratado de Viena e reconheceu sem reservas os direitos de Portugal.
Decorridos dois séculos sobre a desonrosa ocupação de Olivença, o Estado que Vossa Excelência representa jamais respeitou o compromisso assumido perante a Comunidade Internacional. Do carácter honrado, altivo e nobre que Espanha diz ser o seu, não houve manifestação e, ao contrário, actuando com ostensivo desprezo pelo Direito e pela palavra dada, Espanha cobriu-se com o labéu da vilania.
Eis, singela, a «Questão de Olivença»: uma parcela de Portugal foi usurpada militarmente pelo Estado espanhol, há 205 anos, extorsão não reconhecida e ilegítima face ao Direito Internacional.
Não obedecendo ao Direito nem respeitando os seus compromissos, é Espanha, de que Vossa Excelência é Embaixador, que se desonra.
Quanto à ofensa que a ocupação de Olivença constitui para Portugal, compete aos Portugueses apreciá-la e julgá-la.
Da ofensa feita à Justiça e ao Direito, bem como da desonra trazida pela quebra da palavra dada, pertence a Espanha e a Vossa Excelência conhecer do seu significado.

Atentamente,
A Direcção do Grupo dos Amigos de Olivença Lisboa, 20 de Maio de 2006.



Se, no essencial, a Carta transmite uma indignação justa e compreensível já o facto de se ignorar displicentemente que a ofensa da ocupação reside sobretudo na vergonhosa derrota do Duque de Lafões, enfraquece a missiva. Não há guerras justas e injustas; ou somos capazes de nos defender (com todos os meios) ou não... Sacrificámo-nos por Inglaterra, fomos carne de canhão para Wellington, e nem assim conseguimos re-ocupar Olivença (com a força do direito internacional decorrente do Tratado der Viena)na posse de uma Espanha desarticulada, dividida e enfraquecida.
Já chega de Kalimerismo...

A manifestação sistemática de impotência é ela própria uma ameaça à independência nacional, ao expor a fraqueza da alma e uma certa inevitabilidade do facto consumado...

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