terça-feira, janeiro 31, 2006

Um país de parolos

Se não fosse consistente com toda a sua prática histórica, seria surpreendente ver a forma ridícula (teria dito saloia mas o Sobre o tempo que passa não me perdoaria. Aliás, como também me considero saloio na significação que o termo étnico (socio-cultural) adquiriu na snóbica Lisboa, até prefiro o regionalismo da minha terra com indêntica conotação: sagorro)com os súcias da nossa praça celebram a vinda aos seus domínios do homem mais rico do Planeta. A fraternal associação, embevecida pelo altruísmo do homem, rejubila e resfolega como mula ajoujada, desejando-lhe saúde e mais proventos. O Grande Samaritano que tanto tem feito pelos mais desfavorecidos (sobretudo desfavorecê-los ainda mais) é como todos sabemos um fervoroso adepto do malthusianismo; concomitantemente, tem financiado campanhas de esterilização (que não de germes)por esse mundo fora bem como a promoção e efectivação do aborto. Adorador do Bezerro d'Ouro, Gates mal pode conceber que a felicidade na vida não advenha da sua posse. Em África, tem apoiado as chamadas campanhas humanitárias que, a serem conduzidas da forma que o são, demagógicas, para a fotografia, e pontuais, apenas contribuem para o empobrecimento geral das populações e para a sua dependência de produtos importados. A intervenção centrada nos cuidados de saúde primários conduz efectivamente à diminuição da taxa de natalidade e ao aumento da esperança de vida; como, no entanto, a população activa não aumenta porque não há incremento da actividade económica o ratio entre activos e não activos piora e com ele o empobrecimento. As medidas eficazes mas difíceis passam por correr com as oligarquias cleptocráticas que enriquessem à medida que os povos empobrecem. Só que isso significava cortar com os amigos e irmãos, de onde surgem quase sempre boas maquias para financiar campanhas de conquista ou, mais recentemente, manutenção do Poder. Projectos de extensão rural, infra-estruturas de irrigação, redes de frio e silagem, projectos comunitários de criação de gado ou produção e transformação de bens primários... Bah ! para que é que isso interessa ? E os gajos até não são capazes !
Que triste o nosso embasbacamento e subserviviência; transformados numa República das Cenouras, ele é dar condecorações a trouxe mouxe. O Comendador Gates agradece e se calhar até envia uns centuriões do Ministério da Fraternidade para ajudar no controlo. Triunfo do Porcos até à Revolta contra o Mundo Moderno...

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